3 de junho de 2011

quase coração

 
Não suporto o quase que tens para me oferecer, o teu quase-amor, a tua pseudo-alma enxovalhada, a tua espécie de bem querer que no final se revela puro egoísmo, o som da tua viola de cordas partidas e do teu coração sem espaço. Ouço-o pulsar e lamento que nem o vento que te sobe pelos pulmões te chegue ao peito. Mas acredito em ti, mil vezes mais do que aquilo que acredito em mim.
Vejo-te chegar e sei que sobes as escadas desta vida na minha direcção, sinto que são os lençóis da minha cama que levantas sempre que tens medo e queres amor, percebo que é à minha porta que dormes sempre que alguém te fecha uma janela. E no fim, sobra o que não fiz por mim, as vezes em que não te fechei a porta, a cama e o coração, com a certeza patente na voz e nas lágrimas, sem pestanejar.
No final da tua quase história eu sou a quase princesa que foi quase feliz. E tu, o sapo que quase foi príncipe mas que não soube segurar a coroa no cimo da cabeça, porque só tinha um quase coração.

Dei-te quase tudo, tanto, que te tornaste demasiado.