13 de agosto de 2011

ele, e tu


Ele estava sempre calmo. Perdia-se sozinho em pensamentos, lançava-me olhares furtivos mas permanecia estático comigo ao colo, por vezes deitada sobre ele, enrolando-me nos seus braços e no seu coração. Ele é diferente de ti porque não avança nem recua, limita-se a deixar o tempo passar e com ele o tempo passa com uma leveza estonteante, algo subtil por natureza.
Ele gosta de estar quieto, tu não. Tu gostas da festa e da algazarra, gostas de bebidas fortes e de loucuras sonoras, optas pelo prazer e nunca pelo amor, preferes a guerra à paz.
Estava-mos os dois sempre calmos, como dois guerreiros depois de içada a bandeira, ele gosta do silêncio, gosta do meu piano e das minhas letras. Ele prefere olhar para mimem vez de tocar-me, recusa-se a quebrar qualquer pedaço do meu coração.
Tu gostas do meu corpo, gostas de fazer amor comigo para desapareceres depois, mesmo que o teu esqueleto hirto esteja ao meu lado. Tu não te inibes de me agarrar com força, mas eu compreendo, já não há nada mais em mim que possa ser quebrado.